Durante os fins de semana de dezembro, um catador de materiais recicláveis de Avaré, interior de São Paulo, adiciona à suas 15 horas de trabalho diário um gesto de solidariedade e carinho que garante momentos de alegria às crianças carentes da cidade.
Paulo Roberto Oliveira, de 60 anos, é mais conhecido na cidade como Sadam, o reciclador. O apelido tem justificativa. A barba longa é semelhante a do ex-ditador do Iraque, Sadam Hussein, morto em 2006. Mas as comparações param por aí. O sorriso no rosto constante mostra que ele é um homem do bem.
Diariamente, Sadam sai de de casa no bairro Jardim Paraíso, guia Avaré, calçando apenas chinelos e empurrando um carrinho totalmente enfeitado e equipado com um potente sistema de som, para animar a caminhada. “Qualquer música é boa”, diz. Mas a preferência é pelas sertanejas.
Pelo caminho, recolhe latas, garrafas plásticas e também o que encontrar de alimentos que possam ser reaproveitados. Ele está nessa vida há 34 anos, sem férias.
Mas quando o espírito natalino chega, Sadam se prepara. Primeiro, vai a um salão de beleza onde descolore ainda mais a barba branca amarelada natural. Depois, mesmo em dias de calor intenso, veste uma pesada e quente roupa de Papai Noel. A mulher, os cinco filhos e o que ainda está na barriga também participam.
Uma vez prontos, fazem o caminho de volta ao bairro, distribuindo muitas balas para as crianças. A resposta para o carinhoso gesto são muitos abraços. Os motoristas param para cumprimentar o reciclador, e as pessoas que saem das casas para ver a movimentação se surpreendem ao dar de cara com o “Sadam Noel”. Depois da balinha, quase sempre ganha um carinhoso abraço.
Sadam explica que já faz isso há 15 anos, sem receber nada em troca, a não ser o amor das crianças. Mesmo passando por dificuldades na vida, para o reciclador, a solidariedade supera qualquer desafio.
Fonte: G1