Em Avaré, um depósito que armazena amianto preocupa moradores da região pelo risco que o produto oferece à saúde. No local estão aproximadamente 80 toneladas, conforme mostra reportagem da TV Tem.
No início de novembro, o Tem Notícias e o G1 publicaram reportagem mostrando o abandono do barracão onde o produto está armazenado. No local em ruínas estavam centenas de sacos expostos. Placas, algumas enferrujadas e jogadas no meio do mato, avisam do perigo de contaminação na área.
Depois de um mês, o local foi visitado novamente pela equipe de reportagem e registrou mudança. O barracão foi cercado com alambrado e arame farpado. Novas placas foram instaladas alertando para a contaminação do local. De acordo com o secretário do Meio Ambiente de Avaré, César Augusto de Oliveira, o local foi cercado para evitar que pessoas entrem na área. “Nós precisamos cercar para evitar que as pessoas tenham contato direto com o material. O espaço é um barracão abandonado, por isso, não tem proprietário, nem guardas”, diz.
Mesmo com o local isolado ainda é possível ver de longe os fardos de amianto deixados por uma antiga fábrica de pastilhas de freio que faliu há quase duas décadas. Em 2010 foram retiradas aproximadamente 200 toneladas do material, mas parte do produto ainda permanece na área. O amianto é proibido em diversos países e até em alguns estados do Brasil. O motivo da restrição é porque o produto é altamente tóxico e prejudicial à saúde das pessoas que tem ou já tiveram contato com ele. Segundo especialistas, até ex-funcionários da empresa que está atualmente desativada devem ter a saúde acompanhada com frequência.
O médico Benami Francis Dicler explica que o amianto provoca câncer, além de doenças crônicas no pulmão. “Essa doença é chamada de Asbestose. Ela provoca uma espécie de endurecimento do pulmão e diminui a capacidade respiratória. O amianto também pode provocar um tipo de câncer específico das mucosas, da pele de reveste os órgãos, chamada de Mesotelioma, que pode acontecer também nos pulmões ou no abdômen. Essas doenças se manifestam depois de 20 a 30 anos após o contato. Então, o acompanhamento tem que ser feito por um período bastante longo”, explica.
O caseiro Salvador Jacinto Rocha mora na região onde fica o depósito. Ele afirma que fica preocupado com o risco que o amianto oferece. “A gente sabe que esse material está aí. Mesmo que a gente evite passar pela área, qualquer outra pessoa pode passar por aqui e ter contato”, comenta. A dona de casa Angelina da Cunha também diz que fica com medo da exposição. “A gente fica preocupada porque as doenças que ele [amianto] provoca são praticamente incuráveis”, ressalta.
Ainda de acordo com o médico Dicler, o problema só será resolvido com a retirada do amianto e saneamento da área contaminada. Esse trabalho ainda não tem data para acontecer. Segundo o secretário de meio ambiente, é preciso fazer parceria. “Esse material tem que ser retirado, porém precisamos de parceria público-privada porque a despesa é muito grande e a prefeitura de Avaré não tem dotação para retirar esse material”, afirma.
Fonte: G1